A moradia estudantil da universidade de São Paulo é a maior do Brasil com mais de 1.500 vagas. Também conhecida como CRUSP, o Conjunto Residencial da USP é o local que pude morar durante a minha graduação em Arquitetura e Urbanismo!
O quarto no CRUSP foi o primeiro quarto individual que tive na minha vida, e isso teve um impacto enorme na minha formação enquanto um ser humano.
Quando se divide o quarto com outras pessoas que você ama, vocês compartilham coisas, e as coisas das outras pessoas se misturam às suas e as suas nas delas. Assim era quando eu morava com a minha família.
Quando passei a residir no CRUSP em 2017 tive uma grande impacto acerca da liberdade sobre o quarto, algo que eu não tinha quando morava com a minha família, pois meu pai é daqueles possessivos que não deixa mexer na casa.
Eu pintei as paredes, fixei quadros e esculturas nas paredes. Essas paredes tem muitas histórias para contar… ahh se as paredes desse quarto falassem…
A moradia estudantil foi, sem dúvida, o principal fator que me fez ir estudar na USP. Em 2016 eu já estudava arquitetura e urbanismo como bolsista do Prouni na PUC Minas, mas eu sabia que a universidade pública tinha muito mais a oferecer, e tinha mesmo.
A USP me ofereceu moradia, algo que eu não era capaz de conseguir sozinha, ainda que a moradia seja um direito contitucional de todos os cidadãos brasileiros.
Poder hospedar pessoas no apartamento, e no meu quarto foi um grande ganho ao ir morar no CRUSP! Abriguei muitas amigos que estavam precisando de apoio e de um lugar para ficar um tempo.
Sinto que como mineira eu fui muito bem recebida pelos paulistas, e eu queria compartilhar essa generosidade e abundância com quem estivesse precisando dela.
Em 2018, um amigo de Belo Horizonte me contou que estava hospedando uma amiga japonesa, Kaya Kobayashi, e que ela gostaria muito de conhecer o local de grande concentração da cultura nipônica no Brasil, a cidade de São Paulo e o bairro da Liberdade.
Ter recebido a Kaya em São Paulo na minha casa foi uma das experiências mais incríveis que vivi. Kaya era japonesa e morava em Tokyo, tinha acabado de se formar e estava viajando diversos países da América Latina, ela não falava português e a comunicação com ela era feita em inglês, o que se tornou uma grande imersão na língua inglesa que eu, os amigos que moravam comigo e vizinhos pudemos viver, Kaya era uma pessoa querida por todos!
Esta é uma lembrança que Kaya deixou marcada na minha parede, o meu nome em japonês, o que esteticamente dialoga com o quadro Neoplasticista. As outras fotos são do nosso passeio no bairro da Liberdade - SP.
Quando Kaya continuou sua jornada no dia da sua despedida pedi pra ela escrever meu nome em japonês na parede. Uma linda lembrança que tenho uma felicidade muito grande em olhar.
Gosto da estética da escrita de outros idiomas e o meu nome ficou parecendo dois emojis =) :) em cima do outro, duas carinhas sorrientes, Jéssica e Kaya rsrs
No quarto optei por não colocar armários ou grandes volumes entorno das paredes para dar mais amplitude para o espaço e deixar as paredes livres para que eu pudesse utilizá-la como um ateliê onde eu pudesse realizar alguns experimentos de design e reaproveitar os trabalhos da faculdade rsrs.
Este quadro nasceu a partir de um projeto que fiz para a primeiro semestre da faculdade em 2017.
O meu grupo desenvolveu mobiliários para uma área de playground com diferentes brinquedos infantis dentro da linguagem Neoplasticista, usando como inspiração a Cadeira Azul e Vermelha de Gerrit Rietveld.
O quadro foi parte da cobertura de um balanço infantil que propus como mobiliário. É possível ver mais sobre esse trabalho clicando aqui.
A partir de alguns objetos criei algumas composições visuais para a parede que está sempre se transformando, sobretudo no jardim suspenso.
Faz parte do curso de Arquitetura a produção de modelos físicos para uma melhor compreensão de um projeto, de forma que eu me propus da reaproveitá-los como elementos de decoração da minha casa.
Nesta parede o conjunto de módulos em sequência horizontal e o elemento circular radial foram utilizados para fins acadêmicos e reaproveitados para decoração
Elementos reaproveitados.
Decidi que não iria utilizar cama para que eu pudesse integrar o colchão e o tapete e deixando o espaço mais amplo e versátil.
Este é de grande estima para mim, pois ele foi feito pela minha mãe que fez dois iguais a este pensando em que quando tivesse os dois filhos que desejava e daria um tapete a cada um deles. Os planos da minha mãe deram certo e hoje trago esse presente que foi feito para mim antes mesmo de eu nascer.
Luna, minha coelha de pelúcia que me acompanha há mais de 20 anos.
Cadeira de giratória com braço, estofada e com altura ajustável.
Sino de vento fixado no teto próximo à janela.
Espelho refletindo o sino de vento.
Parte de um trabalho da faculdade decorando a porta.
Pirâmide em pedra sabão utilizada como peso peso para a porta.
Neste post falei muito do que pensei e o que resolvi expressar neste quarto da moradia estudantil da Universidade de São Paulo.
Eu acredito na educação pública e de qualidade como forma de se entender no mundo e uma grande ferramenta para estar nele.
Foi uma grande oportunidade ter usufruído do quarto durante a a faculdade, pois sem ele eu não teria ido estudar na USP.
Durante a minha graduação eu tive educação, moradia e alimentação oferecidos pela USP. Eu desejo este direito seja estendido para mais pessoas que estão fora dos muros da universidade.